Plano Safra 2024/25: Avanços e Desafios no Financiamento da Agricultura Brasileira

July 10, 2024

Aumento de Recursos e Críticas à Eficiência Marcam o Novo Ciclo de Crédito Rural



01. Aumento de Recursos e Taxa de Juros

02. Desafios na Concessão de Crédito

03. Prioridades Regionais e Seguros Rurais

04. Conclusão


O Plano Safra 2024/25 foi anunciado pelo governo federal após promessa de ser um dos mais robustos da história, destinando R$ 400,59 bilhões em crédito para médios e grandes produtores rurais, e R$ 76 bilhões para a agricultura familiar, esses liberados via Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf).


O Plano tem gerado insatisfações e discussões acaloradas entre entidades representativas do setor e o governo, que destacam avanços e críticas importantes em relação ao seu conteúdo. 


Abordaremos abaixo alguns pontos de destaque, essenciais para entender o impacto e as implicações do novo Plano Safra.


01. Aumento de Recursos e Taxa de Juros


O Plano Safra 2024/25 trouxe um aumento de recursos comparado às safras anteriores, apesar de muito aquém dos valores pleiteados pelos setores e entidades rurais.


Segundo o ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, houve um incremento de 40% em relação ao Plano Safra 2022/23, resultando em um total de R$ 400,59 bilhões para a agricultura empresarial, e cerca de R$76 bilhões para a agricultura familiar, muito embora a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil - CNA, representando diversas entidades relacionadas ao agronegócio, tivesse apresentado pleito de aproximadamente R$570 bilhões para atender às necessidades da próxima safra, sendo R$470 bilhões para a agricultura empresarial e R$100 bilhões para a agricultura familiar.


O Pronaf, dedicado a agricultura familiar, apresenta 10 linhas que terão juros menores. As taxas de juros da agricultura familiar variam de 0,5% ao ano para 6% ao ano. O governo reduziu as taxas de juros, de 4% para 3% ao ano, para agricultores familiares que produzam alimentos como arroz, feijão, mandioca, tomate, leite, ovos e outros.


Apesar disso, conforme posicionamento firmado pela Associação Nacional dos Produtores de Soja do Brasil (Aprosoja), não houve equalização na taxa de juros para a maior parte dos recursos, que se manteve inalterada não obstante o momento crítico de retração do mercado e aumento dos custos de produção vividos pela agricultura.


Segundo Maurício Buffon, presidente da Aprosoja Brasil, o ano de 2024 tem sido desafiador, e as medidas do governo não têm ajudado a aliviar as dificuldades enfrentadas pelo setor.


02. Desafios na Concessão de Crédito


Outro ponto de controvérsia levantado pela Aprosoja Brasil é a proibição imposta pela Resolução do Conselho Monetário Nacional número 5.081 de 2023, que impede bancos de concederem empréstimos para empreendimentos em imóveis rurais sujeitos a embargos por órgãos ambientais, tanto estaduais quanto federais, em todos os biomas.


Para se ter uma ideia, apesar da necessidade, o Plano Safra 23-24 não teve a sua utilização completa justo pelas dificuldades de obtenção do crédito relacionadas às questões ambientais, atreladas a regularidade junto ao CAR (Cadastro Ambiental Rural). 


Essa medida, segundo a Aprosoja, criou um sistema falho de checagem, que exclui milhares de produtores que estão em conformidade com as normas ambientais do sistema de crédito por burocracia e ineficiência dos órgãos ambientais de controle.


A entidade alega que, após várias tentativas de diálogo, ficou evidente que há ações dos Ministérios do Meio Ambiente e da Fazenda para dificultar a concessão de crédito e a regularização fundiária e ambiental, criando tensões desnecessárias com o setor produtivo.


03. Prioridades Regionais e Seguros Rurais


O novo Plano Safra também destinou recursos específicos para regiões que enfrentam maiores desafios, como o Rio Grande do Sul. Segundo o ministro Fávaro, o estado receberá um aumento significativo nos recursos para subvenção ao prêmio do seguro rural, com um total de R$ 368,8 milhões, representando um incremento de 17% em recursos ordinários e 174% em recursos extraordinários.


Apesar da sensibilidade de levar este alento para o povo gaúcho, o governo deixou de pensar com atenção no resto da agricultura nacional, sujeita a prejuízos e intempéries climáticas que vem se mostrando tão presentes na realidade agrícola brasileira, apresentando valores 3x menores do que os solicitados pela CNA para fins de subvenção do seguro. Ao passo que a Comissão apresentou proposta solicitando cerca de R$3 bilhões para esta finalidade, o plano entregou algo próximo de R$1 bilhão.


04. Conclusão


O Plano Safra 2024/25 representa evidentemente um marco importante para o agronegócio brasileiro, com avanços em termos de recursos e importantes críticas e desafios que evidenciam a necessidade de haver uma expressiva melhora no diálogo entre o governo e os produtores rurais.


Apesar da série de medidas ambiciosas e recursos aumentados que têm o potencial de transformar o cenário agrícola brasileiro, a sensação final é de frustração.


É fundamental que o governo e as entidades representativas do setor intensifiquem a relação e o trabalho conjunto para superar os inegáveis desafios e maximizar os benefícios para os produtores rurais e para a economia do país como um todo.


A relevância do agronegócio brasileiro não pode permitir que ele sirva como moeda de troca ou palco de campanha política. Um setor que representa cerca de 25x% do PIB de um país precisa e merece ser ouvido com mais atenção.



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Fontes:

https://www.canalrural.com.br/agricultura/projeto-soja-brasil/recursos-do-plano-safra-24-25-sao-insuficientes-diz-aprosoja-brasil/

https://jovempan.com.br/noticias/politica/novo-plano-safra-tem-mais-recursos-e-e-63-mais-eficiente-diz-favaro.html#:~:text=O%20ministro%20da%20Agricultura%2C%20Carlos,do%20governo%20de%20Jair%20Bolsonaro.



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Contexto e principais diretrizes do projeto Mecanismo de financiamento e papel do FGO Benefícios para agricultores familiares e cooperativas Integração com programas agroflorestais e sustentabilidade Desafios, trâmite legislativo e perspectivas futuras Perguntas Frequentes (FAQs) A inovação tecnológica O Crédito Solar no Campo é um marco para o fortalecimento da agricultura familiar no Brasil. Recentemente, a Câmara dos Deputados aprovou um projeto de lei que destina R$ 400 milhões do Fundo Garantidor de Operações (FGO) para apoiar a instalação de usinas solares cooperativas em áreas rurais. A proposta, de autoria do deputado Pedro Uczai (PT-SC) e relatada por Nilto Tatto (PT-SP) , tem como objetivo democratizar o acesso à energia renovável, reduzir custos de produção e aumentar a autonomia dos agricultores. Se aprovado pelo Senado e sancionado pela Presidência, o programa pode transformar a matriz energética rural, colocando o agricultor familiar no centro da transição energética sustentável . Mecanismo de financiamento e papel do FGO O funcionamento do projeto é simples, mas altamente estratégico: Os R$ 400 milhões funcionarão como garantia para empréstimos destinados à construção de usinas solares cooperativas. Os recursos terão validade de 18 meses após a sanção da lei. O acesso ao crédito será feito por meio do Pronaf (Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar). A energia gerada deve ser usada exclusivamente para as atividades agropecuárias dos cooperados. As condições de prazos, juros e regras específicas serão definidas pelo Conselho Monetário Nacional (CMN). Esse mecanismo é importante porque diminui o risco para os bancos, tornando o crédito mais acessível e atrativo para agricultores e cooperativas. Benefícios para agricultores familiares e cooperativas O Crédito Solar no Campo vai muito além da simples geração de energia: Redução dos custos de produção: com energia própria, o agricultor gasta menos em eletricidade. Formação de cooperativas de energia: produtores poderão se unir e compartilhar usinas, ampliando a força coletiva. Diversificação da renda: a economia gerada com energia pode ser reinvestida na produção agrícola. Democratização da energia renovável: torna o acesso ao solar mais justo e acessível. Fortalecimento da sustentabilidade econômica: ao descentralizar a produção energética, agricultores ganham mais resiliência contra oscilações do mercado. O deputado Tatto destacou que essa medida é parte de uma estratégia de transição energética justa e inclusiva , com impactos diretos na autonomia regional e comunitária. Integração com programas agroflorestais e sustentabilidade O projeto não se limita à energia solar: ele se conecta com programas de preservação ambiental e agricultura sustentável, como: Prosaf (Programa de Sistemas Agroflorestais de Base Agroecológica): Restauração de áreas degradadas. Conservação da biodiversidade. Apoio a comunidades tradicionais e familiares. Programa Nacional de Florestas Produtivas: Recuperação produtiva de áreas degradadas. Oferta de crédito, assistência técnica e viveiros comunitários. Acesso a pagamentos por serviços ambientais. Essas iniciativas fortalecem o elo entre produção agrícola, sustentabilidade e inovação energética, colocando o Brasil como referência em bioeconomia e transição verde. Desafios, trâmite legislativo e perspectivas futuras Apesar do potencial, o projeto ainda precisa: Ser aprovado no Senado Federal . Receber sanção presidencial. Passar pela regulamentação do CMN e dos bancos parceiros. Durante a votação, houve críticas sobre possíveis excessos na política pública ou riscos de desvio de foco. No entanto, defensores reforçam que essa medida é estratégica para modernizar o campo e reduzir a desigualdade energética. Se aprovado, o Crédito Solar no Campo pode se tornar um ponto de virada para cooperativas rurais, permitindo que elas liderem a geração distribuída de energia no Brasil. Perguntas Frequentes (FAQs) 1. O que é o Crédito Solar no Campo? É um projeto que destina R$ 400 milhões do FGO para financiar usinas solares cooperativas no meio rural. 2. Quem pode acessar o financiamento? Agricultores familiares e cooperativas rurais que utilizem energia para atividades agropecuárias. 3. Como funcionará o financiamento? O Pronaf será o principal canal de acesso ao crédito, com garantias do FGO. 4. Qual o prazo para utilização dos recursos? 18 meses após a sanção da lei. 5. Quais são os benefícios diretos para os agricultores? Redução de custos, maior autonomia, energia limpa e fortalecimento da produção cooperativa. 6. O projeto já está em vigor? Ainda não. Ele aguarda análise do Senado e sanção presidencial. A inovação tecnológica O Crédito Solar no Campo representa uma das iniciativas mais inovadoras e sustentáveis para a agricultura familiar no Brasil. Ele une energia renovável , práticas agroecológicas e fortalecimento cooperativo , ao mesmo tempo em que abre portas para desenvolvimento regional e autonomia produtiva. Com a aprovação no Senado, essa medida poderá transformar o campo brasileiro em um laboratório vivo da transição energética , colocando o agricultor familiar no centro da sustentabilidade e inovação. Para acompanhar a tramitação oficial do projeto, visite o Portal da Câmara dos Deputados. -- Fonte: https://www.comprerural.com/aprovado-projeto-que-destina-r-400-milhoes-para-agricultor-investir-em-energia-solar/
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O transporte de animais vivos é um elo crucial da cadeia produtiva da pecuária brasileira. Recentemente, o Ministério da Agricultura e Pecuária (MAPA) anunciou novas regras para essa atividade, trazendo mudanças profundas tanto para pecuaristas quanto para transportadores. Essas alterações buscam elevar os padrões de bem-estar animal , aumentar a segurança logística e alinhar o Brasil às exigências internacionais. No entanto, como toda mudança regulatória, também traz custos adicionais e desafios operacionais que podem impactar a rentabilidade, especialmente para pequenos e médios produtores. Neste artigo, vamos explorar o que motivou essas mudanças, os impactos na prática, os custos envolvidos e as oportunidades que surgem para o setor da pecuária nacional. O que motivou as mudanças nas regras Alinhamento às boas práticas internacionais O Brasil é um dos maiores exportadores de carne bovina, suína e de frango do mundo. Para manter sua competitividade, precisa se adequar a padrões cada vez mais exigentes em sustentabilidade, rastreabilidade e bem-estar animal. Países da União Europeia e da Ásia já possuem regras rigorosas, e o alinhamento do Brasil é estratégico para manter o acesso a esses mercados. Relação entre transporte adequado e qualidade da carne Diversos estudos comprovam que o manejo inadequado durante o transporte causa estresse, perdas de peso, contusões e até mortalidade. Esses fatores afetam diretamente a qualidade final da carne e, consequentemente, a rentabilidade da cadeia. O governo decidiu, então, estabelecer regras mais claras sobre tempo máximo de viagem, veículos adaptados e documentação obrigatória. Impactos no bem-estar e na segurança animal Limites de tempo e paradas obrigatórias Uma das principais mudanças é a definição de tempo máximo de transporte . Agora, os caminhões precisam realizar paradas estratégicas para descanso, hidratação e alimentação dos animais. Redução de mortalidade e estresse animal Essas medidas ajudam a reduzir a mortalidade, o estresse e as contusões, além de preservar o desempenho zootécnico dos rebanhos. Competitividade internacional com foco em bem-estar No mercado global, o bem-estar animal é cada vez mais valorizado. Isso significa que o Brasil, ao implementar regras mais rigorosas, pode ganhar espaço em mercados premium , onde consumidores pagam mais por carne certificada e produzida de forma sustentável. Custos adicionais para os pecuaristas Adaptações obrigatórias nos veículos Os veículos precisarão de ventilação adequada, divisórias internas, pisos antiderrapantes e monitoramento. Essa adaptação representa um custo elevado, principalmente para pequenos transportadores. Treinamento e mão de obra especializada Motoristas e auxiliares deverão receber capacitação específica sobre manejo e bem-estar animal. Esse investimento em treinamento eleva os custos fixos, mas aumenta a segurança e eficiência . Peso financeiro para pequenos e médios produtores Grandes grupos pecuaristas têm maior facilidade de adaptação, mas os pequenos e médios produtores podem sentir forte impacto financeiro, com risco de repassar os custos ao preço final da carne. Adaptação da logística e da infraestrutura Frigoríficos e pontos de parada adaptados Frigoríficos e fazendas precisarão estar preparados com áreas de descanso e abastecimento . Isso pode estimular a criação de novos polos logísticos ao longo das principais rotas de transporte. Reorganização de rotas e parcerias logísticas Para reduzir custos, muitos produtores poderão firmar parcerias com transportadoras especializadas , revisar rotas e investir em planejamento logístico mais eficiente . Perspectivas e oportunidades para o setor Ganhos de imagem e acesso a novos mercados Apesar dos custos iniciais, a adaptação às novas normas pode reforçar a imagem do Brasil como exportador de carne sustentável . Isso abre portas em mercados exigentes e pode elevar a valorização da carne brasileira. Certificações, selos de qualidade e diferenciação Produtores que adotarem as normas mais rapidamente podem obter selos de bem-estar animal , certificações internacionais e contratos exclusivos com compradores premium. FAQ – Perguntas Frequentes 1. Quando as novas regras para transporte de animais entram em vigor? As normas já foram publicadas pelo MAPA e terão prazos escalonados para adaptação. 2. Quais os principais custos de adequação? Adaptação de veículos, treinamento de motoristas e ajustes na logística são os principais pontos de custo. 3. Essas regras valem para todos os tipos de animais? Sim, as normas abrangem bovinos, suínos, aves e outros animais de produção. 4. Como os frigoríficos devem se preparar? Com áreas de parada, estrutura de descanso e procedimentos alinhados às exigências de bem-estar animal. 5. O que muda para os exportadores de carne? Eles ganham mais competitividade em mercados exigentes, especialmente Europa e Ásia. 6. Pequenos produtores terão apoio financeiro? Ainda não há definição oficial, mas sindicatos e associações já discutem propostas de incentivos. O futuro da pecuária frente às novas regras As novas regras para transporte de animais representam um marco para a pecuária brasileira. Embora tragam custos e desafios imediatos , elas também abrem portas para mercados mais exigentes, agregam valor à carne brasileira e promovem um futuro mais sustentável. Produtores que se anteciparem às mudanças terão vantagem competitiva e poderão se destacar com certificações e parcerias comerciais estratégicas. Para mais informações oficiais, acesse o site do MAPA – Ministério da Agricultura e Pecuária -- Fonte: https://www.comprerural.com/novas-regras-para-o-transporte-de-animais-deve-custar-mais-aos-pecuaristas-veja-o-que-mudou/
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