Abate de Fêmeas Supera o de Machos Pela Primeira Vez no Brasil: Cenário que Pode Mudar o Futuro da Pecuária

September 16, 2025

O abate de fêmeas supera o de machos no Brasil pela primeira vez desde 1997, segundo o IBGE. Entenda os motivos, consequências e os desafios para o futuro da pecuária de corte.

Dados do IBGE e o marco histórico do abate

Pela primeira vez desde o início da série histórica do IBGE (1997), o abate de fêmeas no Brasil superou o de machosNo 2º trimestre de 2025, foram 10,46 milhões de bovinos abatidos, o que representa um crescimento de 3,9% em relação ao mesmo período de 2024.

O grande destaque foi o aumento expressivo no abate de fêmeas: 16% a mais frente ao ano passado. Dentro desse grupo, as novilhas representaram cerca de 33% do total. Esse movimento rompeu um padrão mantido por quase três décadas e é interpretado por analistas como um marco de mudança de ciclo na pecuária brasileira.

O que explica a mudança no perfil do abate?

1. Pressão de custos

Manter fêmeas, especialmente matrizes, exige maiores investimentos em reprodução, nutrição e manejo. Quando a margem de retorno diminui, muitos pecuaristas optam pelo descarte antecipado para equilibrar o caixa.

2. Atração da demanda externa

O mercado internacional valoriza carnes mais jovens, principalmente de novilhas, pela maciez e padrão de qualidade. Esse perfil se encaixa no que países importadores desejam, elevando a pressão para o abate.

3. Questões de oferta e sazonalidade

Mesmo em estados como Mato Grosso, referência em pecuária, houve crescimento no abate de fêmeas. A justificativa pode estar ligada à escala de abate dos frigoríficos, ajustes de mercado e até à sazonalidade da oferta de pastagem.

Consequências para o futuro da pecuária

  • Redução de matrizes
Com mais fêmeas indo para o abate, há o risco de queda no número de vacas disponíveis para reprodução, reduzindo a produção de bezerros nos próximos anos.

  • Valorização da reposição
A escassez de animais jovens pode levar a uma alta expressiva no preço de bezerros e novilhas, elevando os custos para quem depende da compra de reposição.

  • Impacto no preço do boi gordo
Menos animais disponíveis para engorda no médio prazo podem pressionar o preço do boi gordo para cima, beneficiando pecuaristas que mantiverem suas matrizes.

Sustentabilidade do rebanho: dilema entre curto e longo prazo

A decisão de abater fêmeas em excesso pode trazer alívio imediato ao caixa, mas comprometer a capacidade reprodutiva e a sustentabilidade futura do rebanho.

Estratégias recomendadas incluem:
  • Retenção de matrizes de qualidade genética superior.
  • Investimento em manejo reprodutivo e nutricional.
  • Adoção de práticas mais eficientes para reduzir custos sem comprometer o rebanho.

Além disso, políticas públicas e linhas de crédito rurais podem desempenhar papel crucial para estimular a retenção de fêmeas e evitar desequilíbrios no ciclo pecuário.

Cenários e recomendações para os agentes da pecuária de corte

  • Produtores: acompanhar os custos de manutenção das fêmeas e planejar a reposição com antecedência.
  • Frigoríficos: diversificar estratégias de compra, buscando equilíbrio entre oferta imediata e sustentabilidade da cadeia.
  • Setor como um todo: ficar atento a políticas agrícolas e exigências internacionais, que podem valorizar práticas sustentáveis.
Perguntas Frequentes (FAQ)

1. O que significa o aumento do abate de fêmeas para a pecuária brasileira?
 Significa uma mudança de ciclo, com impacto direto na reposição do rebanho e na oferta futura de bezerros.

2. Por que os pecuaristas estão optando pelo abate de fêmeas?
 Principalmente por pressão de custos, demanda externa aquecida e ajustes de mercado.

3. Isso pode afetar o preço do boi gordo?
 Sim. A redução da oferta futura tende a pressionar os preços para cima.

4. O que acontece com o preço do bezerro nesse cenário?
 A tendência é de valorização, já que a reposição ficará mais escassa.

5. Há risco de desequilíbrio na produção de carne?
 Sim, se o ritmo de abate de fêmeas continuar elevado, pode haver limitação de oferta no futuro.

6. Como o produtor pode se proteger desse cenário?
 Investindo em manejo reprodutivo, retenção de matrizes e planejando melhor a reposição do rebanho.

Destaques e futuro

O recorde no abate de fêmeas em 2025 não é apenas um dado estatístico — é um alerta para o futuro da pecuária brasileira.
O setor precisará encontrar o equilíbrio entre ganhos imediatos e a preservação da base produtiva, sob pena de enfrentar escassez de bezerros, valorização da reposição e impactos nos preços da carne.

Mais do que nunca, planejamento estratégico e visão de longo prazo serão determinantes para a sustentabilidade da atividade.

🔗 Fonte de referência: IBGE e Compre Rural

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