Brasil pode aumentar área de soja com manejo de solos arenosos

Eduardo Gainete Ramos • June 10, 2022

Estima-se que o Brasil tenha mais de 60 mi de hectares de pastagem, sendo que cerca de 60% destes espaços são aptos ao sistema integração lavoura-pecuária



O pesquisador da Embrapa Soja, Henrique Debiasi, usou a frase descontraída “o filé já foi”, para ilustrar a dificuldade dos produtores na busca por novas áreas para o cultivo da oleaginosa. De fato, os melhores solos para o cultivo do grão, de Norte a Sul, já foram ocupados. No entanto, ainda há muito a ser explorado. E o melhor: sem desmatar e com índices satisfatórios de produtividade econômica. Isso se deu porque considerando apenas o bioma Cerrado, estima-se que o Brasil tenha mais de 60 milhões de hectares de pastagem, sendo que cerca de 60% destes espaços são aptos ao sistema integração lavoura-pecuária.


“Significa incluir dentro do contexto de produção de grãos aproximadamente 35 milhões de hectares de área que, atualmente, está degradada e tem baixíssima produtividade. É uma fronteira agrícola enorme que pode ser explorada sem que se derrube uma única árvore para isso”, destaca o pesquisador. O problema, contudo, é que a grande maioria desta área possui solo arenoso. Ambientes com este perfil são caracterizados, essencialmente por três fatores: baixa fertilidade natural, pouca capacidade de armazenamento de água e nutrientes, e alta probabilidade de erosão. “Isso tudo porque a maioria dessas áreas está localizada em regiões que contam com clima quente e distribuição irregular de chuva. O contexto é desafiador”, pondera Debiasi.


Desta forma, grandes regiões dos estados de Mato Grosso do Sul, Goiás e Mato Grosso, além do noroeste do Paraná, contam com solos que se encaixam nesta realidade. Para o especialista da Embrapa Soja, a integração lavoura-pecuária é a ferramenta que melhor pode contornar os problemas de uma futura e talvez, necessária expansão na sojicultura brasileira. “Áreas com solos arenosos têm produtividade muito baixa, mas por meio da integração lavoura-pecuária em sistema de plantio direto, alcançam eficiência produtiva de carne, leite e também de grãos de forma muito mais sustentável, inclusive com potencial de fixação de carbono no solo”.


O que explica essa vocação ambiental do sistema é a matéria orgânica do solo, formada por aproximadamente 40% de carbono, advindo da decomposição dos restos culturais das plantas que, por sua vez, retiram este CO2 da atmosfera e o sequestram no solo, gerando armazenamento de água e nutrientes. “Futuramente, o produtor pode alcançar até uma safra que lhe gere créditos de carbono, visto que o mercado está se estruturando neste sentido”, lembra o pesquisador. Além da incorporação do gado no sistema, o produtor pode optar por aumentar o teor de matéria orgânica no solo arenoso com a inclusão de gramíneas forrageiras tropicais perenes, como braquiárias e panicum. “Essas forrageiras podem ser colocadas no outono/inverno e, apesar de serem perenes, o produtor pode tratá-las como se fossem anuais, sem colocar o gado, só para produzir palha e matéria orgânica. A partir de então, planta-se a soja no verão e coloca-se depois as gramíneas forrageiras tropicais, que também podem ser consorciadas com leguminosas, como crotalária e feijão-guandu por exemplo, para produção de palha e formação de nitrogênio”.


Entretanto, como as regiões de solos arenosos possuem vocação pecuária, é por meio da integração do gado na equação que a probabilidade de sucesso é maior. “Nesse caso, o modelo que é talvez o mais utilizado é o ciclo de quatro anos, ou seja, durante dois anos a área fica com pasto perene, produzindo carne ou leite e depois de dois anos, se alterna com soja no verão e pastagem de gramínea apenas durante o outono/inverno”, conta Debiasi. Com isso, se tem um aporte de palha e raiz no sistema que, mesmo quando pastejado, pelo próprio esterco do animal, retorna e gera aumento do teor de matéria orgânica no solo, proporcionando também, cobertura e retenção de água.


Além disso, o pesquisador da Embrapa Soja destaca que a ciclagem de nutrientes que as forrageiras tropicais perenes proporcionam também é um fator importante. “Essas forrageiras possuem raízes com mais de dois metros de profundidade, ou seja, captam pela raiz os nutrientes que estão lá embaixo e os transferem para a parte aérea da planta, que é a parte vegetativa visível, ficando alojados onde a soja está”.


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FONTE:


Canal Rural

https://www.comprerural.com/brasil-pode-aumentar-area-de-soja-com-manejo-de-solos-arenosos/

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Se aprovado pelo Senado e sancionado pela Presidência, o programa pode transformar a matriz energética rural, colocando o agricultor familiar no centro da transição energética sustentável . Mecanismo de financiamento e papel do FGO O funcionamento do projeto é simples, mas altamente estratégico: Os R$ 400 milhões funcionarão como garantia para empréstimos destinados à construção de usinas solares cooperativas. Os recursos terão validade de 18 meses após a sanção da lei. O acesso ao crédito será feito por meio do Pronaf (Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar). A energia gerada deve ser usada exclusivamente para as atividades agropecuárias dos cooperados. As condições de prazos, juros e regras específicas serão definidas pelo Conselho Monetário Nacional (CMN). Esse mecanismo é importante porque diminui o risco para os bancos, tornando o crédito mais acessível e atrativo para agricultores e cooperativas. Benefícios para agricultores familiares e cooperativas O Crédito Solar no Campo vai muito além da simples geração de energia: Redução dos custos de produção: com energia própria, o agricultor gasta menos em eletricidade. Formação de cooperativas de energia: produtores poderão se unir e compartilhar usinas, ampliando a força coletiva. Diversificação da renda: a economia gerada com energia pode ser reinvestida na produção agrícola. Democratização da energia renovável: torna o acesso ao solar mais justo e acessível. Fortalecimento da sustentabilidade econômica: ao descentralizar a produção energética, agricultores ganham mais resiliência contra oscilações do mercado. O deputado Tatto destacou que essa medida é parte de uma estratégia de transição energética justa e inclusiva , com impactos diretos na autonomia regional e comunitária. Integração com programas agroflorestais e sustentabilidade O projeto não se limita à energia solar: ele se conecta com programas de preservação ambiental e agricultura sustentável, como: Prosaf (Programa de Sistemas Agroflorestais de Base Agroecológica): Restauração de áreas degradadas. Conservação da biodiversidade. Apoio a comunidades tradicionais e familiares. Programa Nacional de Florestas Produtivas: Recuperação produtiva de áreas degradadas. Oferta de crédito, assistência técnica e viveiros comunitários. Acesso a pagamentos por serviços ambientais. Essas iniciativas fortalecem o elo entre produção agrícola, sustentabilidade e inovação energética, colocando o Brasil como referência em bioeconomia e transição verde. Desafios, trâmite legislativo e perspectivas futuras Apesar do potencial, o projeto ainda precisa: Ser aprovado no Senado Federal . Receber sanção presidencial. Passar pela regulamentação do CMN e dos bancos parceiros. 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O transporte de animais vivos é um elo crucial da cadeia produtiva da pecuária brasileira. Recentemente, o Ministério da Agricultura e Pecuária (MAPA) anunciou novas regras para essa atividade, trazendo mudanças profundas tanto para pecuaristas quanto para transportadores. Essas alterações buscam elevar os padrões de bem-estar animal , aumentar a segurança logística e alinhar o Brasil às exigências internacionais. No entanto, como toda mudança regulatória, também traz custos adicionais e desafios operacionais que podem impactar a rentabilidade, especialmente para pequenos e médios produtores. Neste artigo, vamos explorar o que motivou essas mudanças, os impactos na prática, os custos envolvidos e as oportunidades que surgem para o setor da pecuária nacional. O que motivou as mudanças nas regras Alinhamento às boas práticas internacionais O Brasil é um dos maiores exportadores de carne bovina, suína e de frango do mundo. Para manter sua competitividade, precisa se adequar a padrões cada vez mais exigentes em sustentabilidade, rastreabilidade e bem-estar animal. Países da União Europeia e da Ásia já possuem regras rigorosas, e o alinhamento do Brasil é estratégico para manter o acesso a esses mercados. Relação entre transporte adequado e qualidade da carne Diversos estudos comprovam que o manejo inadequado durante o transporte causa estresse, perdas de peso, contusões e até mortalidade. Esses fatores afetam diretamente a qualidade final da carne e, consequentemente, a rentabilidade da cadeia. O governo decidiu, então, estabelecer regras mais claras sobre tempo máximo de viagem, veículos adaptados e documentação obrigatória. Impactos no bem-estar e na segurança animal Limites de tempo e paradas obrigatórias Uma das principais mudanças é a definição de tempo máximo de transporte . Agora, os caminhões precisam realizar paradas estratégicas para descanso, hidratação e alimentação dos animais. Redução de mortalidade e estresse animal Essas medidas ajudam a reduzir a mortalidade, o estresse e as contusões, além de preservar o desempenho zootécnico dos rebanhos. Competitividade internacional com foco em bem-estar No mercado global, o bem-estar animal é cada vez mais valorizado. Isso significa que o Brasil, ao implementar regras mais rigorosas, pode ganhar espaço em mercados premium , onde consumidores pagam mais por carne certificada e produzida de forma sustentável. Custos adicionais para os pecuaristas Adaptações obrigatórias nos veículos Os veículos precisarão de ventilação adequada, divisórias internas, pisos antiderrapantes e monitoramento. Essa adaptação representa um custo elevado, principalmente para pequenos transportadores. Treinamento e mão de obra especializada Motoristas e auxiliares deverão receber capacitação específica sobre manejo e bem-estar animal. Esse investimento em treinamento eleva os custos fixos, mas aumenta a segurança e eficiência . Peso financeiro para pequenos e médios produtores Grandes grupos pecuaristas têm maior facilidade de adaptação, mas os pequenos e médios produtores podem sentir forte impacto financeiro, com risco de repassar os custos ao preço final da carne. Adaptação da logística e da infraestrutura Frigoríficos e pontos de parada adaptados Frigoríficos e fazendas precisarão estar preparados com áreas de descanso e abastecimento . Isso pode estimular a criação de novos polos logísticos ao longo das principais rotas de transporte. Reorganização de rotas e parcerias logísticas Para reduzir custos, muitos produtores poderão firmar parcerias com transportadoras especializadas , revisar rotas e investir em planejamento logístico mais eficiente . Perspectivas e oportunidades para o setor Ganhos de imagem e acesso a novos mercados Apesar dos custos iniciais, a adaptação às novas normas pode reforçar a imagem do Brasil como exportador de carne sustentável . Isso abre portas em mercados exigentes e pode elevar a valorização da carne brasileira. Certificações, selos de qualidade e diferenciação Produtores que adotarem as normas mais rapidamente podem obter selos de bem-estar animal , certificações internacionais e contratos exclusivos com compradores premium. FAQ – Perguntas Frequentes 1. Quando as novas regras para transporte de animais entram em vigor? As normas já foram publicadas pelo MAPA e terão prazos escalonados para adaptação. 2. Quais os principais custos de adequação? Adaptação de veículos, treinamento de motoristas e ajustes na logística são os principais pontos de custo. 3. Essas regras valem para todos os tipos de animais? Sim, as normas abrangem bovinos, suínos, aves e outros animais de produção. 4. Como os frigoríficos devem se preparar? Com áreas de parada, estrutura de descanso e procedimentos alinhados às exigências de bem-estar animal. 5. O que muda para os exportadores de carne? 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